ENSINO SUPERIOR E SOLIDARIEDADE: UMA VIRADA DA EXTENSÃO FACE À SOCIEDADE DO MÉRITO
RESUMO:
Este artigo analisa o papel do ensino superior, em especial no que toca as suas novas diretrizes sobre a extensão, para constituir uma sociedade mais solidária e menos competitiva. Em primeiro lugar, com base na metodologia de reconstrução de processos sociais, a partir de uma análise bibliográfica e da proposição de tipos ideias, ele mostra as origens e a influência contemporânea do modelo de “Universidade Modo 2”, proposto pelo sociólogo Michael Gibbons, dando ênfase na sua adesão a uma antropologia individual e uma valorização da meritocracia. Em seguida, o artigo traz uma crítica desse paradigma, ao mesmo tempo que resgata uma antropologia solidária, com o intuito de pensar um projeto de ensino superior capaz de reduzir os efeitos perversos de uma sociedade competitiva. Nesse sentido, valendo-se do método indutivo, propõe-se uma reflexão sobre as formas de acesso ao ensino superior, o papel e o potencial das atividades de extensão, em especial pela Resolução no. 7, de 2018BRASIL. Resolução CNE/CES nº 7, de 18 de dezembro de 2018. Estabelece as Diretrizes para a Extensão na Educação Superior Brasileira e regimenta o disposto na Meta 12.7 da Lei nº 13.005/2014, que aprova o Plano Nacional de Educação – PNE 2014-2024 e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, Seção 1, p. 49 e 50, 19 dez. 2018., que previu que elas devem compor, no mínimo, 10% do total da carga horária curricular dos cursos de graduação. O artigo conclui que é possível uma releitura da tese do historiador Burton J. Bledstein, de modo a pensar o ensino superior como um dos principais mecanismos para transformar a sociedade, não no sentido da formação da “cultura do mérito”, como diagnosticado no século XX, mas na perspectiva de uma valorização da “cultura da solidariedade”.
Palavras-chave:
ensino superior; extensão; solidariedade; meritocracia
https://doi.org/10.1590/0102-469839180
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